sábado, 9 de outubro de 2010

No lugar certo, na hora certa

Quando eu tinha uns 18 anos, eu gostava muito de ouvir Racionais Mc's. Ficava pensando bastante nas letras do Mano Brown e em toda a mística que rolava em torno da figura dele. As letras muito fortes que misturavam violência, justiça social, palavras de Jesus, tudo com uma batida muito boa de hip hop e funk. Ele não dava entrevistas, não falava com brancos, mantinha uma postura de questionamento e de revolta por uma situação vivenciada nas periferias de São Paulo e nas outras periferias que provocava em mim uma admiração incrível pela sua figura.


Essa semana fui vê-lo no Apalpe e fiquei muito impressionada. É verdade que ele está bem mais leve do que eu imaginava, talvez seja a idade, as coisas vão mudando com o tempo e as pessoas vão percebendo que as estratégias para as mudanças devem ser repensadas e modificadas.

De qualquer jeito, eu estava lá ouvindo o Mano Brown e o Ice Blue falando sobre as tretas de São Paulo, do Capão, dos conselhos para as crianças. Quando a fala acabou, eu fiquei bem perto deles porque minha amiga queria muito dar um beijo no Ice Blue e enfrentava uma fila enorme. Eu fiquei parada perto da mesa onde havia sido o debate. De repente o cara ficou na minha frente, sozinho, eu e ele apenas, não resisti, peguei no braço dele (braço bem forte, só pra constar) e disse, valeu mesmo Brown (por você ter vindo aqui no Rio, por ter me mostrado todo seu ódio pela injustiça, por me fazer pensar que as coisas podem ser modificadas e que a revolta não está só em mim e que podemos a partir de diferentes métodos, mudar essa porra de sociedade). Ele me deu dois beijinhos e disse valeu gatinha!

Tem uma música “Fórmula mágica da paz” que é arrepiante.

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