Essa foi uma semana de trabalho intenso. Participei de um diagnóstico rápido participativo (o nome claro é em inglês mas acho um abuso e minha livre traduação é essa aí) no Borel. A coordenação ficou a cargo de um consultor do Banco Mundial - italiano que mora há 20 anos na Bahia (só uma ressalva - perguntei a ele o motivo de morar em Salvador e ele respondeu que se apaixonou por uma baiana. Achei cute!) e a equipe era composta por pesquisadores lá da secretaria (meu novo local de trabalho).
Dentre tantas coisas que vi, uma das que mais me chamou a atenção foi a questão do lixo. Desde semana passada, vinha com uma briga na comlurb sobre o lixo no Borel. Eles acusavam a população que não tinha educação e por isso depositavam seu lixo em qualquer lugar mas não admitiam que o serviço prestado era de péssima qualidade.
Andando essa semana por dentro do Borel, para além da Estrada da Independência, dentro mesmo, registrei e confirmei que a comlurb oferece um péssimo serviço e que os moradores estão tentando viabilizar, da forma que eles podem, uma campanha de conscientização para o depósito adequado do lixo. O problema é que eles não tem, de fato, onde depositar o lixo que produzem (como todas as pessoas na cidade também produzem embora elas tenham caçambas, papeleiras e garis à sua disposição).
Vejam essas fotos:
sábado, 23 de outubro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
Combustão
Ontem eu fui a um sarau mas não foi um sarau comum, foi um cosplay literário. Essa parada era uma das atividades do Apalpe, evento que está ocorrendo desde quinta-feira. E das poesias que foram declamadas e das que não foram, essa certamente é a melhor.
Combustão
Tua ausência é copo vazio
Sofro sem um gole de você
De quem me entorpece
Me cerveja como um vadio
Me martini na medida certa
Me conhaque nos dias de frio
Me tequila nos instantes de loucura
Me vinho nas noites solitárias
Você que me tortura
Você que me entorta
Me embriaga
Me suporta
E numa dose me cachaça
Combustão
Tua ausência é copo vazio
Sofro sem um gole de você
De quem me entorpece
Me cerveja como um vadio
Me martini na medida certa
Me conhaque nos dias de frio
Me tequila nos instantes de loucura
Me vinho nas noites solitárias
Você que me tortura
Você que me entorta
Me embriaga
Me suporta
E numa dose me cachaça
sábado, 9 de outubro de 2010
No lugar certo, na hora certa
Quando eu tinha uns 18 anos, eu gostava muito de ouvir Racionais Mc's. Ficava pensando bastante nas letras do Mano Brown e em toda a mística que rolava em torno da figura dele. As letras muito fortes que misturavam violência, justiça social, palavras de Jesus, tudo com uma batida muito boa de hip hop e funk. Ele não dava entrevistas, não falava com brancos, mantinha uma postura de questionamento e de revolta por uma situação vivenciada nas periferias de São Paulo e nas outras periferias que provocava em mim uma admiração incrível pela sua figura.
Essa semana fui vê-lo no Apalpe e fiquei muito impressionada. É verdade que ele está bem mais leve do que eu imaginava, talvez seja a idade, as coisas vão mudando com o tempo e as pessoas vão percebendo que as estratégias para as mudanças devem ser repensadas e modificadas.
De qualquer jeito, eu estava lá ouvindo o Mano Brown e o Ice Blue falando sobre as tretas de São Paulo, do Capão, dos conselhos para as crianças. Quando a fala acabou, eu fiquei bem perto deles porque minha amiga queria muito dar um beijo no Ice Blue e enfrentava uma fila enorme. Eu fiquei parada perto da mesa onde havia sido o debate. De repente o cara ficou na minha frente, sozinho, eu e ele apenas, não resisti, peguei no braço dele (braço bem forte, só pra constar) e disse, valeu mesmo Brown (por você ter vindo aqui no Rio, por ter me mostrado todo seu ódio pela injustiça, por me fazer pensar que as coisas podem ser modificadas e que a revolta não está só em mim e que podemos a partir de diferentes métodos, mudar essa porra de sociedade). Ele me deu dois beijinhos e disse valeu gatinha!
Tem uma música “Fórmula mágica da paz” que é arrepiante.
Essa semana fui vê-lo no Apalpe e fiquei muito impressionada. É verdade que ele está bem mais leve do que eu imaginava, talvez seja a idade, as coisas vão mudando com o tempo e as pessoas vão percebendo que as estratégias para as mudanças devem ser repensadas e modificadas.
De qualquer jeito, eu estava lá ouvindo o Mano Brown e o Ice Blue falando sobre as tretas de São Paulo, do Capão, dos conselhos para as crianças. Quando a fala acabou, eu fiquei bem perto deles porque minha amiga queria muito dar um beijo no Ice Blue e enfrentava uma fila enorme. Eu fiquei parada perto da mesa onde havia sido o debate. De repente o cara ficou na minha frente, sozinho, eu e ele apenas, não resisti, peguei no braço dele (braço bem forte, só pra constar) e disse, valeu mesmo Brown (por você ter vindo aqui no Rio, por ter me mostrado todo seu ódio pela injustiça, por me fazer pensar que as coisas podem ser modificadas e que a revolta não está só em mim e que podemos a partir de diferentes métodos, mudar essa porra de sociedade). Ele me deu dois beijinhos e disse valeu gatinha!
Tem uma música “Fórmula mágica da paz” que é arrepiante.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Mais uma vez esse blog vai mudar de direção... assim como essa autora, que nem sabe muito bem utilizar as regras da norma culta da língua, e que muda constantemente, apesar de ser virginiana... vamos todos mudar.
A partir de hoje, esse blog versará sobre as minhas aventuras na gestão de uma política pública... parece até importante... mas nem é tanto.
O que eu vou fazer a partir de hoje é relatar tudo que eu considerar curioso no caminho que eu for percorrendo nessa minha mais nova aventura sociológica.
*****
O primeiro relato a gente nunca esquece... (adoro reticências)
Conheci um lugar na 3ª feira chamado Centro Municipal de Cultura José Bonifácio. Casa linda. Arquitetura do ínicio do século XX. Pé direito da casa muito alto, escadas de madeiras, jardim interno, enfim, uma coisa linda. Fica situado aos pés do Morro da Providência e se apresenta como um centro cultural direcionado a valorização da cultura negra. O que o Centro Cultural tem de bom? Nada. As paredes estão caindo aos pedaços literalmente. Um lugar lindo mas abandonado completamente... Pergunto eu, por que?
Será que é porque é pra preto? Será que essa sociedade é assim mesmo? Não é possível.
Isso me remete ao dia da votação. Sou ipasiana (fazia tempo que não assumia essa identidade) e assim voto no ciep do Ipase, é lógico. A minha família também vota no mesmo lugar... logo, no dia da votação, encontrei uma série deles. Encontrei também a avó da minha prima que nem precisa mais votar porque já tem quase 80 anos. O dialógo que se seguiu foi esse:
- Dona Zulmira, o que a senhora está fazendo aqui?
- Vim votar ora essa.
- Mas porque, se a senhora nem precisa mais?
- Tenho ainda esperança de ajudar a transformar esse país em um lugar melhor.
(Ela viveu duas ditaduras e acredita que com o voto iremos transformar)
Tem mais uma coisa que queria escrever:
Eles se encontraram pela 3649 vez. Conversaram sobre os mesmos assuntos. Beberam as mesmas cervejas. E no final de tudo ainda se amaram como se fosse a primeira vez! (Brega demais, eu sei).
A partir de hoje, esse blog versará sobre as minhas aventuras na gestão de uma política pública... parece até importante... mas nem é tanto.
O que eu vou fazer a partir de hoje é relatar tudo que eu considerar curioso no caminho que eu for percorrendo nessa minha mais nova aventura sociológica.
*****
O primeiro relato a gente nunca esquece... (adoro reticências)
Conheci um lugar na 3ª feira chamado Centro Municipal de Cultura José Bonifácio. Casa linda. Arquitetura do ínicio do século XX. Pé direito da casa muito alto, escadas de madeiras, jardim interno, enfim, uma coisa linda. Fica situado aos pés do Morro da Providência e se apresenta como um centro cultural direcionado a valorização da cultura negra. O que o Centro Cultural tem de bom? Nada. As paredes estão caindo aos pedaços literalmente. Um lugar lindo mas abandonado completamente... Pergunto eu, por que?
Será que é porque é pra preto? Será que essa sociedade é assim mesmo? Não é possível.
Isso me remete ao dia da votação. Sou ipasiana (fazia tempo que não assumia essa identidade) e assim voto no ciep do Ipase, é lógico. A minha família também vota no mesmo lugar... logo, no dia da votação, encontrei uma série deles. Encontrei também a avó da minha prima que nem precisa mais votar porque já tem quase 80 anos. O dialógo que se seguiu foi esse:
- Dona Zulmira, o que a senhora está fazendo aqui?
- Vim votar ora essa.
- Mas porque, se a senhora nem precisa mais?
- Tenho ainda esperança de ajudar a transformar esse país em um lugar melhor.
(Ela viveu duas ditaduras e acredita que com o voto iremos transformar)
Tem mais uma coisa que queria escrever:
Eles se encontraram pela 3649 vez. Conversaram sobre os mesmos assuntos. Beberam as mesmas cervejas. E no final de tudo ainda se amaram como se fosse a primeira vez! (Brega demais, eu sei).
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