domingo, 31 de janeiro de 2010

Eu tenho 30 anos de vida e pelo menos 17 anos de relacionamentos amorosos. Ao longo desse tempo, eu deveria ter aprendido algumas coisas. Mas não aprendi nada. Minha inabilidade em conduzi-los é gritante. Talvez essa seja a minha sina!

Para você.


sábado, 30 de janeiro de 2010

Andar pelas ruas do Rio de Janeiro é uma coisa que realmente me encanta e me faz feliz. Ser apresentada a locais que sabia que existia, mas que não fazia a menor idéia de onde se localizavam na cidade me enche ainda mais de satisfação. E poder desfrutar das maravilhas que a cidade oferece na companhia de uma baianna da porra que conhece a cidade como todo carioca deveria conhecer, é ainda muito melhor. E sabe o que é mais engraçado: ela foi apresentada à cidade maravilhosa por um paulistano. Vá entender!


Bom, toda essa entusiasmada apresentação é para contar a respeito das minhas peripécias nesses tempos de férias. Sabe criança quando vai passear na casa dos tios, pois é, sou eu pegando o bondinho no Centro do Rio para subir até Santa Teresa e almoçar por lá. O que mais me impressionou foi que jamais eu poderia imaginar que a estação do bondinho ficava em frente a Petrobrás, tudo bem que eu nunca havia pensado nisso antes, mas me surpreendeu.

Devo estar um tanto enfeitiçada, confesso. Tenho achado tudo muito legal e tenho reclamado pouco das coisas. Isso não é normal. Mas, como tenho me deparado com tantas mudanças, talvez essa seja mais uma delas. Parar de reclamar de tudo e ver as coisas pelo lado bom! Nossa, existe uma poliana dentro de mim!

Sei que toda essa moleza está próxima ao final. Segunda feira retomo à labuta das aulas mas felizmente com uma parada no meio. Que venha o carnaval!!!

domingo, 24 de janeiro de 2010

O que não sai da minha cabeça

Eu estou em uma fase bastante musical. Não que a musica não me acompanhasse, desde muito nova ja gostava muito de musica brasileira, mas nesse momento estou especialmente musical, inclusive ouvindo a mesma coisa sem parar. Acho que isso é doença!
Para dar uma descontraída na compulsão por Ogum, a música que vem depois dela é Terreiro em Acari, e é essa que quero dividir com vocês. A letra é muito engraçada e ela tem se tornado a minha nova compulsão.

CD Uma Prova de Amor - faixa 10 - repet

(como não encontrei a musica, vai mesmo só a letra)

Terreiro em Acari

A minha preta pensa que eu sou um santo
E essa fama até que eu banco
Mas não sou nenhum guri
Ela é a preta mais bonita da favela
E no desfile da portela coisa igual eu nunca vi
É meu segredo, já peguei seu ponto fraco
Já passei meu giz no taco
Fui atrás pra conseguir
Num pote de mel está nosso retrato
Amarrado e bem colado num terreiro em acari

Eu não me esqueço, foi depois de mais um porre
Disse: preto, me socorre, pensou que ia morrer
Com a cabeça viajando em reboliço
Confessou que fez feitiço, tudo pra não me perder
Ela contando foi aí que eu tive um treco
Fui parar em bonsucesso, no hospital, no cti
Hoje confesso que foi grande o meu espanto
Foi no mesmo pai-de-santo no terreiro em acari

Estava escrito nosso amor não precisava, não
Faz qualquer coisa, fica fraco quando ama o coração
Bom foi que ficou a certeza desse amor

Nosso feitiço vai ficar por lá
Senti firmeza, assim tá tudo bem
Se fizeram mandinga
O nosso amor desbanca
Não adianta, nada vai pegar

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Eu sou o samba!

Queria tanto essa toalhinha verde! Foram essas as palavras de minha mãe quando o show do Arlindo Cruz começou. E movida por um ímpeto de agrada-la e também, é claro, algumas cervejas depois, que me encontrava a 5 passos do palco. O que nos separavam eram apenas 5 degraus e lá estava eu com um copo de skol na mão e a vontade de conseguir a toalhinha verde para a minha mãe. Foi o que eu fiz, subi as escadas e peguei da mão de Arlindo Cruz uma singela e muito cheirosa toalhinha verde. A única coisa que fui capaz de dizer foi: Tu é bom demais.


Sai de lá com a toalhinha verde na mão e a minha mãe morrendo de vergonha!

Sem duvida, o melhor dia da minha vida em muitos anos. Eu sou o samba!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Carta de um jovem apaixonado

Então, como era de se esperar, depois de uma intensa relação de amor, Doralice o deixou. Ele não pode aceitar tamanha dor e num ato desesperado, enviou para ela a carta que segue abaixo.
Espero que Doralice tenha dignidade de responder à carta relatando o que realmente ocorreu. Estamos aqui a aguardar.



A/C: Doralice


É melhor dizer
Amor acabou a cerveja!
Do que chorar
Cerveja acabou o amor!


Cerveja, do desconhecido grupo Porcas Borboletas


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É importante que você saiba que isso que você vai ler aqui é um devaneio de um jovem de vinte e alguns anos que tanto assim viveu porque conseguiu fazer uma manobra radical com sua bicicleta quando esteve preste a ser atropelado aos treze e porque não teve coragem de se suicidar – quando ainda tinha razões para fazê-lo – aos dezoito. Digo isso porque me parece que quando não situados, os devaneios tomam a forma que queremos. Você deve saber que essa criatura de vinte e cinco anos segue arrastando-se mundo a fora, vida adentro, sem lenço ou sonhos, com documento surrado no bolso de trás, sem solas ou deuses, crendo em nada do que lhe dizem e em tudo que lhe mentem, cantando vagabundos do cavaco ou do pandeiro, lendo Nietzsche, Morin, Sartre e esses loucos, tolerando Marx e Bakhtin, cuspindo Leminski, perdendo-se em Andrade, Ramos, Amado e qualquer um que invente uma coisa que lhe pareça absurda porque o que não é absurdo já lhe entupiram as fuças.


Fato é que depois das doses frustradas de Domecq com rivotril, dos três cortes no pulso com a serra de pão sem cabo, das inúmeras tentativas de roleta russa com cano enferrujado e os tímpanos estourados por conta do barulho vindo dos três rádios ligados, cá estou eu... Cá estou eu esbravejando como Mick Jagger – mais conservado, porém – e mais desesperado do que qualquer garçom de um bar de Ipanema ou da Lapa – os primeiros por conta dos gringos de sunga e os segundos por conta dos bêbados de cueca, que fique bem claro.


Já estão furados os discos, Lupicínio Rodrigues ficou rouco, todos partiram e deixaram-me só. Damien Rice, Phil Collins e Beatles, para não dizer que não falo inglês. Nem Vinícius restou e Cartola frustrou-se ao ver-me chorar sem disfarçar. Bruno e Marrone fizeram o possível com o baixo cachê [ehh minha cara mudei, minha cara, mas por dentro eu não mudo, o sentimento não pára a doença não sara, seu amor ainda é tudo].


Depois de toda dor possível, daquelas que cachaça não cura nem embebeda, eu, contrito, humilde e temeroso diante da possibilidade de ser acometido por um surto emo, não vejo outra solução, outra saída macha e digna, a não ser dizer-te, com esse peito corno estufado, que não importa as mãos que alisaram tua bunda ou os pássaros que visitaram teu ninho: volta pra mim, Doralice.


Volta que essa bunda e esse ninho são meus, por direito e por amor.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Doralice

Nesses tempos de dores de amor, deixo para vocês um poema escrito para Doralice ainda na fase em que ele queria conquistá-la. É fato que nesse momento ele não poderia imaginar que um dia tudo iria acabar.

(Vale dizer que estou muito influenciada por (500) dias com ela e que o poema – obvio- não é meu. Por mais que esteja tentando escrever coisas bacanas ainda não cheguei aos pés desse autor que consegue passar para o papel as coisas mais simples de uma forma tão brilhante e que muito me inspira – devo confessar – nessa arte de escrever).

você diz não me entender
mas seus olhos dizem sim
na dúvida, me faço de desentendido


fico olhando pro chão
e falando frases sem sentido
porque tudo que eu quero ver é seu sorriso
e esses traços que minhas mãos reconhecem no escuro
mesmo sem nunca ter tocado


tudo que eu quero falar
é que você pode vir a qualquer hora
que se ligar me faz feliz
que amanhã eu saio mais cedo do trabalho
pra te fazer companhia na sala de espera,
na leitura sem pretensão
ou no quebra-cabeça


mas não adianta reclamar do meu olhar
e das minhas frases
porque eu não vou fazer diferente
não vou porque ele é mais alto
tem aquele cabelo moderninho
toma mais cerveja do que eu – você achando divertido
e até onde eu sei, te faz feliz
por que você está sempre sorrindo?


pode reclamar
que não faço diferente
porque se é com ele que você dorme
pelo menos é de mim que você reclama
e eu tenho a migalha de pão dormido
porque se reclama é porque ama
e se me ama eu durmo em paz


ainda que sem você nunca possa ser sono
não dá nem pra pesadelo
é mesmo castigo


e me ponho a pensar que sou capaz
de colocar as palavras melhor do que ele,
não que o menino que vive em mim te mereça
só não dá pra imaginar aquele rascunho mal escrito
na mesma prateleira dos três volumes que suas coxas inspiram


ah doralice, flor do meu sertão
vem ser best seller assim
aqui no meu colchão

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Sobre distância, transporte e amores!

Sou uma pessoa de poucas paixões. Não sou fã de ninguém, não tenho coleção de nada, não me apego a coisas materiais a ponto de não consegui me desfazer delas. Talvez minha única e verdadeira grande paixão seja morar em Jacarepaguá. Não tem explicação o que eu sinto pelo bairro. O sistema de transporte é ruim, é longe de tudo que faço, está cada vez mais populoso e cada vez mais quente. Ainda assim, amo estar aqui!
Ontem refleti bastante sobre o porquê de gostar tanto de Jacarepaguá e acho que encontrei algumas respostas. O fato de morar a uma hora de qualquer outro lugar da cidade (exceto a Barra e Madureira) me fez conhecer uma cidade que poucos conhecem.
Outra característica minha é estar na contra-mão de tudo. Deixe-me explicar. Quando eu era criança, estudava em uma escola próxima a minha casa. Dava pra ir andando e tudo! Coisa rara em minha vida hoje, fazer coisas andando. O problema é que todos os meus amigos moravam em uma direção e eu na outra. Resultado: enquanto todos iam pra casa juntos, eu ia caminhando sozinha, pensando bobagens e cantando legião urbana. O que quero dizer é que raramente consigo companhia ou carona para voltar para casa, pois estou sempre na outra direção.
É o casamento perfeito: morar longe e do lado oposto.
Dito isso, quero relatar aqui a experiência que tenho com os caminhos e o transporte público carioca. O ato de circular pela cidade inteira dando voltas teve inicio na graduação. Antes cabe um parêntese – quando estava no ensino médio, trabalhava no MC Donald’s e conhecia uma galera que morava lá pelas bandas de Santa Cruz. Na verdade, acho que essa minha prática de ir sempre a locais muito afastados vem dessa época. Como trabalhávamos no turno da noite, fazíamos umas festas de manhã em um sítio de um menino que morava por lá. Marcávamos sempre às 8:00 da manhã na rodoviária de Campo Grande e íamos felizes para Santa Cruz.
Bom, mas quero iniciar a história falando da graduação porque foi a partir dela que conheci a zona sul. Até então, eu vivia exclusivamente nos muros da zona oeste. Eis a trajetória da menina. Morava em Jacarepaguá, tenho que ser mais especifica porque Jacarepaguá é grande, morava no Mato Alto – certamente ninguém nunca ouviu falar desse local – fica entre a Praça Seca e o Largo do Tanque. E estudava na Gávea.
Quando entrei no mestrado a coisa só piorou. Estudava na Urca e trabalhava na Maré. A volta que dava era muito grande. Imaginem, saindo do Mato Alto, indo pra Urca, de lá para a Maré, voltando via Madureira para o Mato Alto. Não gosto nem de lembrar!
Enfim, morando no Mato Alto e estudando na zona sul, meu grande aliado era o 755 – Cascadura/Gávea. Ônibus guerreiro igual a mim. Não perdia uma festa seja ela na faculdade, na casa de alguém, no Pires, no Baixo Gávea ou no Cangulo. Obvio que os amigos que fiz na graduação ou moravam na Baixada ou na Zona Sul. E um pouco mais tarde, quando comecei a trabalhar na própria faculdade, minhas duas melhores amigas moravam, uma em Niterói e a outra em São Gonçalo. Sem contar todos os outros amigos que fui fazendo ao longo da vida e que se espalham por toda a cidade.
O que quero registrar é que a distância não é um problema. Para onde eu for sei que posso contar com o 755 para me deixar em casa. Ele não deixa de circular e o mais surpreendente é que ele está sempre cheio, cheio mesmo. É uma experiência etnográfica maravilhosa para qualquer antropólogo que se preze. É possível identificar nesse coletivo diversas categorias de pessoas e fazer uma série de classificações. Essas coisas que antropólogo adora!
É claro que muita coisa aconteceu em minha vida. Conheci outros meios de transportes e outros lugares. Mas hoje retorno ao 755 e feliz confesso meu amor por Jacarepaguá. E é só por morar aqui que conheço tantos lugares, atalhos e formas de chegar mais rápido e segura em casa, na casa que nunca deixou de ser minha, no Mato Alto.