sexta-feira, 12 de outubro de 2012



Hoje assisti a um programa na TV que falava sobre as dificuladades de locomoção de cadeirantes em Paris. A reportagem mostrava as intermináveis escadas das estações de metro, as calçadas irregulares, as alturas das sarjetas, as entradas dos bares e lojas que não possuíam o tamanho adequado para o acesso das cadeiras e, obviamente, os ônibis que apesar de indicarem que estão aptos a receber os cadeirantes, quando um cadeirante tenta entrar no ônibus, o sistema de entrada especial (aquela especie de elevador) não funciona - interessante que a reportagem parou vários e apenas em um o cadeirante personagem teve sucesso.
Fiquei pensando sobre o Rio de Janeiro e sobre os cadeirantes. Obviamente que não é possível fazer comparações sobre a qualidade de vida nas duas cidades e muito menos dizer o que é melhor ou pior, contudo, alguns problemas estão em todas as cidades e nos mostram que ainda é necessário avançar em muitas situações.
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Ontem foi a primeira vez que avistei a Torre Eiffel à noite. Eu estava obcecada com o fato da casa onde resido não possuir potes de plástico para armazenar a comida na geladeira. Daí encontrei um rapaz que estava voltando para o Brasil e vendendo os seus potes por 5 euros. Aproveitei e também comprei a sua cafeteira italiana por 6 euros. Agora a casa está completa. Voltando à Torre. Ele mora na periferia, do lado direito do rio Sena, e lá fui eu em sua casa buscar minhas novas aquisições. Acho que até hoje foi o maior trajeto que já fiz. Muito longe. Confesso que me deu um certo medinho no metro. O lugar é bem diferente da Paris que meu olhar ainda ingenuo conhece. Assim como no Brasil, é periferia, é longe do centro, tem menos investimentos. Bom, de qualquer forma, pude ver a Torre iluminada. Très jolie!

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Estou em um seminário sobre Istambul tão chato! Olho para os lados e vejo  meus colegas com seus laptops, todos conectados no facebook, e eu ainda usando meu caderninho.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012



Dando continuidade ao diário sobre a vida em Paris quero escrever hoje sobre os transportes públicos dessa cidade. Para você, único leitor, entender: a cidade é um caracol, dividida por áreas, as primeiras duas curvas do caracol são as zonas centrais chamadas de 1 e 2, as outras são as chamadas periferias, 3, 4 e 5, onde as tarifas são mais caras. É possível com um bilhete que custa 1,70e transitar pelas zonas 1 e 2 de metro, onibus ou RER (trem).  
Mas o que quero tratar hoje aqui é sobre o onibus. Que beleza. Eles em geral (quero enfatizar que são os onibus que circulam nas zonas 1 e 2 e portanto devem ser diferentes dos que circulam pelas perfiferias e também falo apenas sobre os onibus que circulam proximos a minha casa: 62, 89 e 95) são grandes e possuem 3 portas. Cada pessoa pode entrar e sair por onde quiser. As pessoas que querem entrar esperam as que estão saindo. E o individuo passa o seu cartão ou coloca o seu bilhete. Tenho percebido que nem todas as pessoas fazem esse movimento. Acho que dão calote. Apesar do onibus ter cameras de segurança, não tem como o motorista cuidar de tudo tendo em vista que o fluxo é grande. Além disso, fiquei sabendo que de vez em quando entra um fiscal para ver se todos estão com os seus comprovantes. Eu nunca vi isso acontecer mas um amigo que está aqui há 1 mês já viu 3 vezes. Ele me disse que ocorre mais no metro e nas estações mais próximas às periferias. Portanto, pobre = caloteiro em todo lugar.
Voltando ao onibus. Em todos os pontos de onibus há a indicação do itinerário completo e, melhor, em quanto tempo irá chegar. Isso é maravilhoso. Eu fico olhando fixo para o monitor e regulando se o tempo vai bater e, incrivelmente, até hoje, 15 dias nessa cidade, bateu. "95 Portes de Vanves - 1 minuto". Além disso, tem uma plaquinha dizendo os intervalos entre os onibus, ou seja, durante a semana entre 7:00 e 17:00 o intervalo é de 5 minutos; à noite é de 15 minutos e assim nos fins de semana. Nem todos os onibus funcionam no domingo. E dentro deles tem o indicativo da parada, tal como o metro. Logo, você só precisa saber em que parada você vai descer.
Outro elemento muito interessante: existem faixas exclusivas para os onibus e estas são divididas com os ciclistas. Parece louco e é mesmo. No sábado vi um ciclista quase ser atropelado por um onibus no bairro do Marrais. Enfim, essa cidade tinha que ter algum defeito. 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A vida em Paris

Estou morando em Paris desde o último sábado e tenho passado bastante tempo refletindo sobre o sentido do estranhamento e da desnaturalização. Para começo de conversa eu estou morando sozinha, conheço poucas pessoas (na verdade 3 que são brasileiras e que moram na França e 1 que é da Tunísia e mora em Paris) e quase não falo nada de francês. Esses três elementos já contribuem sobremaneira para ter uma vida bem complexa nessas terras nórdicas. Voltando ao estranhamento... nessa primeira semana além de tentar resolver as coisas práticas do cotidiano também me deixei relaxar e fiz um pouco de turismo e é sobre as minhas impressões que esse texto irá tratar.

Durante as tentativas de resolução de questões burocráticas da vida cotidiana algumas coisas me chamaram atenção. A primeira delas foi a não servidão que os franceses estão acostumados. Vou me explicar: aqui tudo é automatizado e você faz tudo sozinho. Um exemplo: colocar uma carta no correio. No Brasil a pessoa entraria em uma fila, um atendente iria perguntar o que a pessoa queria e ela entregaria a carta ou o que fosse a ele e seguiria sua vida. Na França, ou pelo menos em Paris, no Correios, Le Poste, existem uma série de máquinas que imprimem o selo, trocam o dinheiro e o indivíduo tem que ir já sabendo o que e para onde ele irá enviar suas correspondências. Ao lado de fora tem várias caixas com etiquetas como “etranger”, “carte priorité”, “carte simple” e assim por diante. Você faz tudo sozinho. E isso se reproduz em outros locais como na xerox, no mercado, no restaurante e também nas atividades domésticas. Essa idéia de que existe uma pessoa que cuidará de suas coisas e limpará a sua sujeira é bem dos países de herança escravagista, como o nosso, por exemplo. 

Outra coisa que me encanta é a quantidade de equipamentos de cultura e lazer que os franceses têm à disposição e que eles utilizam de fato. Fui hoje à biblioteca pública do meu bairro e fiquei impressionada com o acervo de livros, CDs, DVDs, revistas que existe e que pode ser emprestado a quem tem o cartão da biblioteca. Tem desde histórias infantis aos clássicos da sociologia e da filosofia. Além disso, a internet é liberada. O local é cheio e silencioso. Fiquei impressionadíssima. A quantidade de livrarias e o preço dos livros são coisas que também aguçam a minha curiosidade. Os livros são bem baratos e existem várias editoras pequenas que os fazem com materiais mais simples para que possam ser comercializados a baixo custo. 

Parque e praças estão por toda parte. Todos possuem internet de graça (um acordo entre a prefeitura e uma operadora) e sempre estão com muita gente, geralmente crianças e adolescentes, brincando, conversando ou simplesmente descansando. Como ainda é verão, os dias são mais longos e as pessoas aproveitam para ficar mais tempo nesses espaços públicos. Soube que isso se torna impossível a partir de outubro. 

Em relação aos locais de turismo a coisa muda um pouco de figura. Como todo lugar turístico, é sempre cheio e bastante caro mas faz parte do negócio. Falando nisso, todas ou quase todas, as lojas de bugingangas pertencem aos coreanos. Por outro lado, tudo é sinalizado. As ruas têm placas e existem vários mapas da cidade por todos os lados. Mesmo se a pessoa se perder (como eu em vários momentos) é só ir a um ponto de ônibus e, voilá, tem um mapa a sua disposição. Claro que o metro é um caso à parte. Já foi mais do que falado como o sistema é eficiente, e é mesmo, mas é muito grande e cheio de entroncamentos, logo, tem que ficar ligado senão é muito simples de se perder. 

Ainda não fui feliz com a comida. Embora digam que é maravilhoso e tal minha experiência não foi a das melhores. Acho que por conta da língua. Eles não entendem o que eu falo e não tem a menor pretensão nem paciência de explicar o que está no cardápio, logo, ou você pede logo, paga e come ou vai embora do restaurante. A cerveja é boa, é cara mas é boa e é servida em copos de meio litro, salvo engano, porém para beber bem e barato tem que ir ao outro lado da cidade como em Montmartre e Belleville. Aliás Montmartre é um caso a parte, tem uma igreja no alto a Sacre-Coer mas embaixo só tem sexy-shop e putaria. 

Por ora são as minhas impressões. Certamente estou ainda com um olhar ingênuo sobre a cidade mas estou certa que a visão crítica virá com o tempo. E, claro, estou adorando essa experiência!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sabe quando você tem um vício? Então, quando você está tentando se livrar dele as primeiras horas são as piores. É a abstinência. Depois as coisas ficam controladas e se você mantiver a distância, a vida segue normalmente. É claro que precisa se conter para evitar o primeiro contato, porque, senão, já era, vai para o buraco de novo.
Mas o que quero falar é que a primeira noite de abstinência é foda. Talvez seja a pior de todas. Nessa noite que você sabe que não vai entrar em contato com a droga, você pira. Não dorme, não come, entra em paranóia, ensaia ter recaída, mas tem que se manter firme, tem que ser forte para caralho. Mesmo na pior, mesmo achando que não vai conseguir, mesmo sentindo dor física. Tem que suportar. Chore se for preciso, grite, esperneie, mas não caia na tentação de olhar o celular, ver email, entrar no facebook.
Se você conseguir se manter limpo por apenas uma noite, essa noite, a primeira, pode vir a droga que for, que você vai ter forças para dizer: VAZA DA MINHA VIDA, EU NÃO TE QUERO MAIS.

sábado, 10 de setembro de 2011

Eu tenho uma tese de doutorado para escrever. Isso é um fato. Para escrever a tese eu preciso antes escrever um texto e passar por um exame chamado Qualificação. E será somente após esse exame que eu estarei apta a candidatura à bolsa sanduiche, meu maior desejo no momento. E então por que eu não escrevo o texto para a qualificação? Porque simplesmente eu não consigo parar de lamentar, não consigo desapegar, não consigo me libertar... preciso de inspiração!

terça-feira, 17 de maio de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

Queria ter feito um monte de coisas. Ter ido a um monte de lugares. Conhecido um monte de gente. Lido muito mais livros. Escrito mais coisas. Queria ter tido mais tempo. Queria tanta coisa.
Vivo com essa eterna sensação que tá faltando alguma coisa, que poderia ser mais. Será que nunca vai acabar? Será que até o fim vai ser assim? É sempre vazio.